Muita gente se queixa da rotina do trabalho. Vale lembrar que rotina não é sinônimo de monotonia. O que faz com que haja um enfado em relação ao cotidiano profissional é a monotonia, não a rotina.
A rotina pode ser, inclusive, altamente libertadora. É ela que permite a organização de uma atividade e, portanto, a utilização inteligente do tempo. A rotina garante maior eficiência e segurança naquilo que se faz. Por exemplo, quando entro num avião, espero que o mecânico tenha seguido a rotina, que o piloto e o copiloto façam o mesmo, bem como o encarregado de abastecer a aeronave. A rotina consiste numa série de procedimentos-padrão com os quais um processo se completa. E esse nível de repetibilidade é o que torna a rotina mais adequada. Uma orquestra sinfônica será tão melhor quanto mais acurada tiver sido a leitura da partitura da peça ali colocada.
O trabalho rotineiro é um trabalho organizado, estruturado. O que, de fato, faz com que haja um enfado, um tédio, é a monotonia. O perigo é quando a rotina deixa de ser algo que me prepara melhor para aquilo que estou fazendo e passa a ser algo no qual eu não presto mais atenção. Isto é, quando a repetibilidade se torna automatismo. Há uma diferença entre a rotina, na qual eu faço uma atividade notando a sequência correta e a completo, e a monotonia, em que a faço sem perceber. Nessa hora, a motivação falece. Seja qual for a profissão. Um músico que tem uma rotina de viagens, de shows, ao fazer isso de modo automático, quando está no palco e a cabeça está em outra frequência, em que ele não vê a hora daquilo acabar, é então que começa o desgaste.
A monotonia é a morte da motivação!
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**Trecho retirado do livro “Por que fazemos o que fazemos?”